"Vai começar. Vai começar. (Pausa.) Como vedes começa pelo princípio. (...) Minhas senhoras e meus senhores, vai começar!" (PIRES, Jacinto Lucas, 2011), está escrito isto na Agenda do Teatro Nacional de S. João.
Jacinto Lucas Pires, muito bem, esse autor que entrou na minha vida ainda enquanto estava a estudar Teatro na ESAP. A primeira peça que li dele não é a mais conhecida mas o seu início ficou-me na alma: "A voz (...)", falava da voz, aquela voz... essa voz ficou a sussurrar dentro de mim e se eu já gostava de escrever passei a escrever com uma vontade que me ultrapassa, passei a ver a escrita de teatro de outra forma e ele é um dos primeiros responsáveis por isso.
Vai começar. Portanto, já começou, começou sim. Digo que começou porque é verdade, começou nesse dia, aquele dia em que abri um livro. Já não me lembro do título, nem do texto, sei que era um monólogo e mais sei que existia solidão na personagem. Mas a sua voz ficou e fez-me companhia.
Então: começou. Qual o estilo mesmo? No meu, mas um toque daquela voz. Ouvi mais em leituras, no teatro, mas aquela voz foi de facto a voz e por incrível que pareça deu mais vida a Esta Voz, a Minha Voz.
Já começou, minhas senhores e meus senhores. Já. Já. É um facto, já começou. Então este é apenas a continuidade de um gosto pelas palavras que se saboreia interpretando.
Já começou, penso que foi no início, mas se começou, agora nem mesmo qual foi o início me lembro, mas já anda e caminha com bastante equilíbrio.
Minhas senhoras e meus senhores: já começou.
