Tenha uma escrivaninha. Minha. Só minha.
Sim, uma escrivaninha colorida de memórias.
Ela passou de mão para mão e tem histórias suas, mas também carrega as minhas. Pois... é a minha escrivaninha.
Ela tem uma voz baixinha mas audível. Ela já tem alguns anos e estes rechearam-na de memórias - minhas, mas não só minhas.
Eu abro a escrivaninha e vejo muito papel. Embrulhado, guardado, muito usado e por usar. Vejo envelopes, postais e papéis de carta, cadernos, blocos e outros. Pequenos objectos... Recordações.
Abro-a e parece uma caixinha de música com diversas melodias distantes e outras mais recentes, mas nenhuma presente.
Recordações tão boas! Deliciosas.
Recordações que a minha escrivaninha fala, canta, recita e presenteia guardando, acomodando vozes.
Recordações.