2010-09-17

Um dia quis ser Professora quando fosse grande

Bom dia a todos!

Isto não é uma carta nem pretende ser, como já disse, este blog não tem um seguimento muito concreto, apenas uma voz que se faz sentir ao longo do tempo e conforme a linha da vida... Se não me fiz compreender ouçam a minha voz e fará sentido.

Hoje, melhor, esta semana tenho pensado sobre isto: professor. Sim, isto, porque cada vez mais se sente que professor é uma coisa bastante indefinida e nada respeitada.

Ora muito bem, muito se tem escrito sobre a situação do professor, muitos concordam outros, porque não vêem nem passam por perto, não sentem, não entendem que seja mau ser professor hoje em dia pela falta de respeito que existe pela profissão professor. Ainda pensam que um professor não faz nada e tem muito tempo livre.

O professor caiu em descrédito, é maltratado, mal pago muitas vezes e está quase sempre numa situação de instabilidade - não sabe se vai ter trabalho ou em que parte do país e ainda há quem pague para trabalhar pois ao contrário do que muitos pensam o professor não ganha o salário por inteiro quer tenha um horário completo ou apenas umas horas. Há quem fique com horários de 4h semanais, 6h, também há horários maiores, mas não se ganha o mesmo como é óbvio. Sendo assim, que faz o professor para sobreviver? Tenta juntar horas daqui e dali, tenta dar aulas em vários locais, tenta correr de um lado para o outro, juntar turmas e muito trabalho de casa que nunca é contabilizado. E horas extra não pagas? Isso é mesmo com o professor. Ninguém pensa que para organizar eventos na escola, sejam quais forem exige muito trabalho e vai para além das horas pagas e nunca ninguém viu um professor a entregar metade das avaliações porque esgotou o tempo pago (mas seria interessante).

Depois existe o empregador: quer, quer, não quer, não quer. Os professores são obrigados a aceitar "esmola" para sobreviver. Como é o caso dos professores das AEC's que muitos não os consieram nada mais nada menos que as pessoas que guardam crianças.

Desculpem a expressão, mas coitados dos professores das AEC's, desde que começaram só ouvem: vai melhorar, façam um bom trabalho e serão recompensados, vai melhorar. O que se vê: piora, ano após ano piora. O bom trabalho nunca é recompensado e ninguém pensa neles como peças importantes na escola, dizem: estão é com muita sorte, antes disto estavam no desemprego. Dignidade. Conhecem essa palavra? Pois isso não existe neste sector. Para informação, os professores das AEC's nem professores são, são técnicos e esta? Depois querem os os pais os respeitem?

Vamos alargar um pouco mais, a lei pelos vistos prevê que seja possível elaborar um contracto onde se possa pagar cada vez menos, onde feriados não sejam contabilizados (não trabalha, não recebe), interrupções escolares também não entram num salário, afinal um professor das AEC's vive metade do mês o outro não, até voltar a trabalhar (como nas férias de Natal). Cada Câmara faz as suas condições e contracta como lhe apetece. Isto não é dar dignidade a estes trabalhadores é dar-lhes revolta.

Não, não me estou a queixar, só a expôr a situação.

Um trabalhador não deve ser tratado como mendigo.

Gostava que alguém, alguém que possa interferir nestas injustiças fizesse algo, pela dignidade destes trabalhadores, e desta profissão ou direi: coisa.

Gostava que ouvissem esta voz. 

Um dia eu quis ser professora.