2010-11-04

Mesmo Sem Voz Não Me Calo - Despedir, parte dois

Como posso calar se é mais forte que eu?

Quem me conhece sabe que não me calo. Nem me vou calar embora muitas vezes pareça estar em silêncio é aparente pois numa outra frequência estou a falar.

É genuíno, adoro falar. E quando digo falar, digo: formar frases, textos com som, ou mesmo expressar. E: não me calo. Expresso-me sempre. Vou-me expressando além de mim sobre o que penso e o que sou, afinal: Esta Voz, a Minha Voz ainda se faz sentir.

Se se ouve a minha voz é porque sou ouvida. Sou? Como?

Nem mesmo me importa se sou ouvida, eu particularmente, ou a minha voz como individualidade, mas sim que ouçam os tantos eus como unidade e que essa voz seja ouvida.

E se ninguém ouvir de todo despeça-se.

Quem se despede mesmo? Quem não for ouvido porque falar por falar, fazer um monólogo é interessante mas num palco e até esse é para ser ouvido (pelo público).

Mas repito: despeça-se. Não isso não é uma loucura é a maior sanidade que alguém pode passar nos dias de hoje: despeça-se das suas tristezas, dos medos e de todas essas companhias parasitas que se colam a si. Despeça-se. Nem que para isso leve o seu tempo. Mas: despeça-se.

Despeça-se do seu padrão de vida a que está habituado a chamar de normalidade: "Mas o que está a funcionar mal?". Nada? Nada funciona mal? Nada mesmo? Está tudo bem? Estão todos muito felizes. É normal ficar sentado n tempo à espera de ser atendido num serviço? E esse serviço não vai à falência? Bom, posso ser eu que estou errada ao pensar que respeito pelo cliente é fazer com que ele esteja bem.

Mas, prosseguindo. Despeça-se. A sério, faça um favor a si mesmo e despeça-se. Sentir-se-á livre dessas normas que são tão normais que nem parecem mal, e aí sim, naturalmente ouvir-se-á uma voz, aquela de quem se despediu.

E não, não é uma revolta com vontade de volta, é um texto que reproduz a minha voz, esta voz.

Livremente digo: Até breve.